O doutor em Educação Mário Cortella*
diz que quem pratica ofensas e maus-tratos com colegas na escola aprendeu com
os pais.
Leia trecho da reportagem de Luciana Almeida, publicada em A Tribuna de 11/03/2012.
E quem as pratica pode, muitas vezes, ter feito apenas o que
aprendeu dentro de casa. É o que afirma o filósofo e doutor em Educação Mário Sérgio
Cortella.
Segundo ele, filhos de pais preconceituosos aprendem a
praticar essas humilhações, conhecidas como bullying.
Em entrevista ao jornal A Tribuna , o filósofo disse que
humilhar alguém por ser diferente acontece quando a família admite que se conte
piada racista, por exemplo, dentro de casa. Para ele, é importante diferenciar brincadeira
de humilhação e, para acabar com o problema, é necessária a participação da
família, da escola e do poder público para ensinar, orientar e punir.
A TRIBUNA – Muito tem se falado em bullying. Como
crianças e adolescentes devem se comportar, como evitar e quem deve ser
responsabilizado?
MÁRIO SÉRGIO CORTELLA – É tarefa da escola utilizar os
mecanismos pedagógicos internos de maneira a promover um debate sobre o tema.
De um lado, é preciso convencer, que é o campo pedagógico, e de outro vencer, que
é o campo legal e jurídico. Geralmente, a atitude de bulir com alguém apenas
porque ele é diferente tem origem quando a família admite que se conte piada racista
dentro de casa. Humilhação na escola é culpa dos pais.
A TRIBUNA - É preciso haver punição criminal?
MÁRIO SÉRGIO CORTELLA – Se for por racismo, por exemplo, sim. Mas no caso da
educação básica, aos menores de 18 anos, o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) prevê responsabilização nesse campo. Mas é apenas punição cível, em que há
a cobrança de uma multa ou trabalho comunitário. Mas, por exemplo, no nível
superior existe sim a possibilidade da punição criminal, dependendo de onde se
enquadra, em relação à discriminação, ofensa, injúria ou à difamação. Existe
uma série de situações onde a criminalização também é necessária. Ela não pode
ser o primeiro caminho, pois seria deseducativo. Mas precisa ser um caminho que
esteja no horizonte, para não se ter a idéia de impunidade.
*Mário Sérgio Cortella é filósofo, mestre e doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (1991-1992) e é autor de vários livros e comentarista de educação na TV.
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